Antes de morrer, o jardineiro compreendeu
quanto é inglório o esforço de erradicar
a desordem do mundo. Pela janela, viu
o canteiro pisado pelos cães, a sebe menos
simétrica, o musgo esverdeando a estátua,
o ancinho cedendo à ferrugem. Chamado
à pressa para a extrema-unção, o padre
nunca mais esqueceu aquela última frase.
«Afinal, as ervas mais formosas eram
as daninhas», disse. Ainda hoje a sua
campa parece uma pequena selva onde
nunca entraram sementes ou flores.
José Mário Silva, in Nuvens & Labirintos, Gótica, Outubro de 2001, p. 79.
E o José Mário Silva nasceu a 2 de Março de 1972. É um tipo porreiro. O resto podem ler aqui.
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