sexta-feira, 9 de abril de 2010

A MORTE DOS AMANTES

Edouard Manet, La Maïtresse de Baudelaire


Teremos camas com os mais leves cheiros
E profundos divans, quais mausoléus,
Além de estranhas flores nas prateleiras,
Pra nós abertas em mais belos céus.

À porfia gastando os ardores últimos,
Os nossos corações, quais labaredas,
Reflectirão as suas chamas duplas
Nas nossas almas, dois espelhos gémeos.

Numa noite de rosa e de azul místico
Um só relâmpago iremos trocar,
Como o soluço de um adeus sem fim;

E um Anjo, mais tarde, abrindo as portas,
Alegre e fiel, virá reanimar
Os baços espelhos e as chamas mortas.



Charles Baudelaire, in As Flores do Mal, trad. Fernando Pinto do Amaral, Assírio & Alvim, 3.ª edição, Maio de 1996, p. 313.

4 comentários:

Sol disse...

Monsieur le "Beau de l'aire"...Me gusta desde los 14 años.

hmbf disse...

Desde os 14 não digo, mas desde os 15...

Unknown disse...

Falto eu para dizer desde os 16. Alguém aí desde os 17?

hmbf disse...

Na verdade enganei-me nas contas. É desde os 17. :)