Olga Bergolts (Bergholz, Berggolts?) nasceu no dia 16 de Maio de 1910 em são Petersburgo. Filha de um médico e de uma doméstica, estudou artes e literatura na Universidade de Leninegrado. Os seus primeiros poemas foram publicados em 1924, embora o primeiro livro apenas tenha sido dado à estampa dez anos depois, sob patrocínio de Gorki e com grande êxito. Em 1925 juntou-se a um grupo literário onde conheceu Boris Kornilov, seu futuro marido. Do casamento entre Boris e Olga nasceu uma filha, Irina. Terminados os estudos em Leninegrado, a poeta partiu para o Cazaquistão como jornalista. Divorciou-se de Boris Kornilov e juntou-se a Nikolay Molchanov, que virá a morrer de fome em 1942. De resto, a sua vida foi sempre marcada pela tragédia. Perdeu dois filhos, viu Boris Kornilov ser assassinado pelo regime que então vigorava na URSS, foi presa em 1937, torturada a ponto de dar à luz uma criança prematura, tendo sido libertada apenas em 1939. Os seus versos são sintomáticos da vida que teve: «Eu nunca poupo o meu coração: / nem na canção, nem na amizade, nem na dor, nem na paixão…» Durante a II Grande Guerra, juntou-se ao Partido Comunista e foi a voz da resistência na rádio de uma Leninegrado sitiada pelo exército Nazi. Para tal, contou com a ajuda da amiga Anna Akhmátova. Foi também nesse período que perdeu o segundo marido e o filho, conquistando ao mesmo tempo uma forte reputação junto dos cidadãos de Leninegrado que encorajava e procurava motivar com os seus poemas. «A sua poesia assume o carácter de uma confissão íntima, uma auto-expressão, muitas vezes com a forma de diário». Além de poesia, Olga Bergolts escreveu romances, prosa diarística, etc.. Com o termo da Guerra, viu o seu esforço ser premiado e a sua poesia reconhecida internacionalmente. Morreu no dia 13 de Novembro de 1975:
E eu digo-lhe, que não são
vãos os anos que vivi,
nem inúteis os caminhos percorridos,
ou sem objectivo tudo o que ouvi.
Não são imunes ao mundo,
nem são imaginariamente uma prenda de anos,
os amores em vão também não foram,
amores fraudulentos ou doentes,
a sua luz limpa e imortal
sempre em mim,
E eu digo-lhe, que não são
vãos os anos que vivi,
nem inúteis os caminhos percorridos,
ou sem objectivo tudo o que ouvi.
Não são imunes ao mundo,
nem são imaginariamente uma prenda de anos,
os amores em vão também não foram,
amores fraudulentos ou doentes,
a sua luz limpa e imortal
sempre em mim,
sempre em mim.
E nunca é tarde para de novo
começar toda a vida,
começar toda a vida,
encetar o caminho,
para que do passado ─ nem uma palavra,
nem um gemido seja destruído.
Poema respigado na Antologia da Poesia Soviética, trad. Manuel de Seabra, Editorial Futura, Dezembro de 1973.
nem um gemido seja destruído.
Poema respigado na Antologia da Poesia Soviética, trad. Manuel de Seabra, Editorial Futura, Dezembro de 1973.
4 comentários:
desculpe, foi "uma das vozes" da resistencia na rádio da Leninegrado sitiada, a par da de Ana Akmatova e de outras
agradecido
uff, que força!
agradecida por esta publicação.
Uma senhora, ao que parece.
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