O Paulo Tavares, co-editor da revista Agio, fez o favor de responder por e-mail a este meu post. Porque considero o texto honesto e inteligente, deixo-o aqui em jeito de direito de resposta. Conto replicá-lo lá mais para o final do dia. Penso que pode estar aqui um bom contributo para um debate que, a meu ver, não só está por realizar como me parece estimulante. A poesia merece tudo menos a letargia dos consensos e esta irritante fuga à discussão a que se vem assistindo, cujo efeito mais eloquente é uma completa falta de sintonia com os tempos que estamos a viver.
Bom dia, Henrique.
Os anti-corpos que referimos são os de alguém que, no seu blogue e nos seus textos, tem vindo a deixar vincada a necessidade do “novo”, do “alternativo” e da “ruptura”, mas que, detendo-se regularmente apenas na superfície de tais noções/configurações, não tem ido (porque não consegue ou porque não quer) mais além dessa superficialidade, valorizando muitas vezes livros/publicações que apenas aparentam tal diferença, mas de dúbios méritos literários, e criticando outras que não declaram ou não apresentam abertamente essa pose do “alternativo dentro do alternativo”, ou, por outras palavras, do movimento histórico de anti-literatura e de anti-academismo.
Dou um exemplo relativamente a essa acusação dos anti-corpos:
Na citação que fazes do editorial, “Na génese da Agio não há uma ideia de ruptura a todo o custo”, o “a todo o custo” serviu-te apenas para que reduzisses o editorial a uma coisa patética, “Talvez fosse muito pedir tais custos,…” (é muito ver aqui inclusive uma ponta de malícia?), sem sequer considerares que talvez no final desta frase, articulando-a com o que se diz no resto do editorial, reside efectivamente uma ideia contrária a essa busca contemporânea do novo pelo novo e à necessidade da “estrela única, do salvador de uma geração, da voz que a congrega” . Não sei que outro tipo de ousadia é mais consequente do que esta, que apresenta uma perspectiva contrária (sem ser pomposa) e que remete para aquilo que realmente interessa: os textos que compõem a revista.
É claro, por isso, que não nos revejo num dos teus comentários em que falas também de “falta de espírito crítico”.
Gostava que soubesses, ainda, que os “custos” relativos a tornar possível esta publicação são efectivamente muitos e elevados (e não me centro no factor financeiro).
Quanto à tua posterior resposta de que o teu texto “é um post, não pretende analisar nada nem procura ser crítico”, julgo que, para quem é tão mordaz quando lhe apresentam argumentação deste tipo falacioso, deveria haver da tua parte um pouco mais de reflexão antes de fazeres o mesmo. Para todos os efeitos, apresentas a formulação de um juízo, povoado de expressões como “débil”, “previsível”, “convencional”, “monótona”, etc. Tudo muito bem, é a tua opinião (contra a qual não tenho, por regra, a tentação de me manifestar), mas, neste caso, e por tudo aquilo que disse anteriormente, sentimos que deveria ser resposta alguma justiça (penso que a palavra não é exagerada) nessa entrada do teu blogue.
Paulo
PS: É apenas um pormenor no meio disto, mas peço-te que alteres uma imprecisão inicial no teu texto: A Artefacto não é patrocinada pela SI Guilherme Cossoul, é a vertente editorial da SI Guilherme Cossoul (e conta - talvez daí a confusão - com um pequeno apoio da Fundação C. Gulbenkian).
Bom dia, Henrique.
Os anti-corpos que referimos são os de alguém que, no seu blogue e nos seus textos, tem vindo a deixar vincada a necessidade do “novo”, do “alternativo” e da “ruptura”, mas que, detendo-se regularmente apenas na superfície de tais noções/configurações, não tem ido (porque não consegue ou porque não quer) mais além dessa superficialidade, valorizando muitas vezes livros/publicações que apenas aparentam tal diferença, mas de dúbios méritos literários, e criticando outras que não declaram ou não apresentam abertamente essa pose do “alternativo dentro do alternativo”, ou, por outras palavras, do movimento histórico de anti-literatura e de anti-academismo.
Dou um exemplo relativamente a essa acusação dos anti-corpos:
Na citação que fazes do editorial, “Na génese da Agio não há uma ideia de ruptura a todo o custo”, o “a todo o custo” serviu-te apenas para que reduzisses o editorial a uma coisa patética, “Talvez fosse muito pedir tais custos,…” (é muito ver aqui inclusive uma ponta de malícia?), sem sequer considerares que talvez no final desta frase, articulando-a com o que se diz no resto do editorial, reside efectivamente uma ideia contrária a essa busca contemporânea do novo pelo novo e à necessidade da “estrela única, do salvador de uma geração, da voz que a congrega” . Não sei que outro tipo de ousadia é mais consequente do que esta, que apresenta uma perspectiva contrária (sem ser pomposa) e que remete para aquilo que realmente interessa: os textos que compõem a revista.
É claro, por isso, que não nos revejo num dos teus comentários em que falas também de “falta de espírito crítico”.
Gostava que soubesses, ainda, que os “custos” relativos a tornar possível esta publicação são efectivamente muitos e elevados (e não me centro no factor financeiro).
Quanto à tua posterior resposta de que o teu texto “é um post, não pretende analisar nada nem procura ser crítico”, julgo que, para quem é tão mordaz quando lhe apresentam argumentação deste tipo falacioso, deveria haver da tua parte um pouco mais de reflexão antes de fazeres o mesmo. Para todos os efeitos, apresentas a formulação de um juízo, povoado de expressões como “débil”, “previsível”, “convencional”, “monótona”, etc. Tudo muito bem, é a tua opinião (contra a qual não tenho, por regra, a tentação de me manifestar), mas, neste caso, e por tudo aquilo que disse anteriormente, sentimos que deveria ser resposta alguma justiça (penso que a palavra não é exagerada) nessa entrada do teu blogue.
Paulo
PS: É apenas um pormenor no meio disto, mas peço-te que alteres uma imprecisão inicial no teu texto: A Artefacto não é patrocinada pela SI Guilherme Cossoul, é a vertente editorial da SI Guilherme Cossoul (e conta - talvez daí a confusão - com um pequeno apoio da Fundação C. Gulbenkian).
1 comentário:
k civilizados pá, cadê a bela porrada de antigamente?
Rui Costa
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