quinta-feira, 13 de setembro de 2012

TODOS SE GABAM DO PROGRESSO SOCIAL E NINGUÉM PROGRIDE.


Âlcantara, Lisboa. 2012.





O homem civilizado construiu uma carroça, mas perdeu o uso dos pés. É amparado por muletas, mas falta-lhe o apoio dos músculos. Tem um belo relógio fabricado em Genebra, mas já não sabe reconhecer as horas pela posição do Sol. O homem na rua possui um almanaque náutico de Greenwich e está tãos eguro de poder obter todas as informações quando precisa, que já nem sabe reconhecer uma estrela no firmamento. Não observa o solstício e desconhece outro tanto o equinócio; todo o brilhante calendário anual não corresponde a qualquer quadrante na sua mente. Os seus blocos de notas debilitam-lhe a memória, as suas bibliotecas sobrecarregam-lhe a mente; as companhias de seguros apenas aumentam o número de acidentes e podemos até perguntar-nos se as máquinas não nos entravam, se os nossos refinamentos não nos fazem perder energia e se o Cristianismo entrincheirado em formas e instituições não terá perdido o vigor de uma virtude selvagem, pois cada estóico era verdadeiramente estóico, mas onde está o Cristão na Cristandade?

Fotografia: Jorge Aguiar Oliveira
Texto: Ralph Waldo Emerson

4 comentários:

Sílvia Mota Lopes disse...

Muito verdade. Ganham-se umas e perdem-se outras ao longo da história , ao longo dos tempos... e alguns até se perdem a si mesmos...ganhando para os outros:)

Joaquim Moedas Duarte disse...

Lucidez e desencanto...

Anónimo disse...

Que belo enxerto de vida!
Obrigado pela reflexão.
Abraço

hmbf disse...

Caros, se ainda não leram, sugiro a leitura do autor em causa.