quarta-feira, 31 de outubro de 2012

AGUENTA, AGUENTA!

Fernando Maria Costa Duarte Ulrich, que provém de uma família ligada à banca e às finanças, com raízes em Hamburgo na Alemanha do século XVIII, afirmou recentemente que o país aguenta mais austeridade. Não sei de que país Ulrich, que Estudou no Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa sem terminar a licenciatura, está a falar. Não sei se é da Alemanha do século XVIII, da Angola do século XIX ou deste Portugal exangue com pedintes por todo o lado e comércio devoluto. Duvido que Ulrich ande pelas ruas a pé. Certamente terá um chauffeur à boa maneira das famílias com raízes em Hamburgo na Alemanha do século XVIII. Também não sobreviverá com o chamado “ordenado mínimo nacional”, mas seria interessante colocá-lo (e a outros como ele) numa espécie de Big Brother para homens de fato cinzento e gravata azul, a viverem durante, vá lá, seis meses com 500€ por mês. Fernando Ulrich, que preside a um banco que encaixou 117,1 milhões de euros de lucros nos primeiros nove meses de 2012, só lamenta as imposições do Ministério das Finanças  relativamente aos custos com consultores, não sendo necessariamente por isso que reduziu agências e eliminou postos de trabalho. Este herdeiro de uma família com raízes em Hamburgo na Alemanha do século XVIII, ex-chefe de gabinete de um ex-ministro da extinta AD, que ainda há não muitos dias afirmava que a capacidade dos portugueses para aguentar sacrifícios é agora menor, vem entretanto acrescentar às afirmações anteriores que, afinal, apesar de essa capacidade ser menor os portugueses ainda aguentam mais sacrifícios. Eu tenho a certeza de que o filme preferido de Ulrich é A Paixão de Cristo, do Mel Gibson, e que não há cena que mais o excite do que aquela em que Cristo está a ser torturado pelos romanos aguentando, aguentando, aguentando, aguentando todo o tipo de castigos e violência. Ora, julgo que este sadismo do banqueiro com raízes em Hamburgo na Alemanha do século XVIII merece uma resposta à altura. Note-se como fala da Grécia: 


 
Se estão vivos, é porque aguentam. Um pouco à semelhança dos sobreviventes do Holocausto nazi, que aguentaram. Ou o bilhão de pobres no mundo, que aguenta. Ou toda a humanidade que atravessou a Idade Média e aguentou. Ou o que resta de índios nas américas, que aguentaram. Na cabeça de Ulrich, umas montras partidas e um bocadinho de mais veemência nos protestos são até compreensíveis neste cenário de irmos aguentando. Por mim, sei bem por que montras poderíamos começar não andássemos todos distraídos dos Ulrich deste mundo. Aqui deixo, ao cuidado de Fernando Maria Costa Duarte Ulrich, em jeito simbólico, um nome que não aguentou. Por detrás do nome havia um homem. Chamava-se Dimitri Christoulas, era grego, não aguentou. Como ele há mais, muitos mais, não só gregos, não só portugueses, que não aguentam. Mas esses não entram nas % de Fernando Maria Costa Duarte Ulrich, porque Fernando Maria Costa Duarte Ulrich, afinal, provém de uma família ligada à banca e às finanças, com raízes em Hamburgo na Alemanha do século XVIII.

9 comentários:

Anónimo disse...

E se as montras fossem a testa de cada um deles, um a um?...
Montras partidas..., coisa sem importância, tal como o aguentar de crianças e velhos doentes e com fome.
500€, desculpa, era muito!
Afinal, tal qual Holocausto, o que importa é dizimar a raça impura: os pobres (não os de espírito...)

Anónimo disse...

Desta vez discordo consigo e dou razão ao Ulrico quando diz que o português aguenta mais austeridade.
Não podemos passar a vida a desculpar esta gente, e digo estas gente porque não sou português, não pode haver mais misericórdia para tamanha bruteza humana, já chega de os desculpar, aguentam mais austeridade e ponto final a austeridade é a novela da sua vida, ou o intervalo repleto de reclamos.
Quando o deserto estiver privatizado vestirão a pele daquilo que sempre foram....Camelos!

Saudações do exterior!

Anónimo disse...

Desta vez discordo consigo e dou razão ao Ulrico quando diz que o português aguenta mais austeridade.
Não podemos passar a vida a desculpar esta gente, e digo estas gente porque não sou português, não pode haver mais misericórdia para tamanha bruteza humana, já chega de os desculpar, aguentam mais austeridade e ponto final a austeridade é a novela da sua vida, ou o intervalo repleto de reclamos.
Quando o deserto estiver privatizado vestirão a pele daquilo que sempre foram....Camelos!

Saudações do exterior!

Nuno Dempster disse...

Lembrei-me ontem dessas mesmas montras. Todas. Selectiva e concertadamente, à mesma hora. Abraço.

Anónimo disse...

Citando cavalo de pau(só podia não é...rs)?!:

"... digo esta gente porque NÃO SOU PORTUGUÊS..." (insultando um povo que não é o seu e na própria terra desse povo ... é feio, muito feio)

mais uma montra que se acrescentava...

Perdoa-me o desrespeito da intromissão hm

M4rciano disse...

Diz a sabedoria popular:
"Antes burro que me leve que cavalo que me derrube".

Acrescento:
Antes burro feito de pau que cavalo de pau feito.

hmbf disse...

Cavalo de Pau, a minha solidariedade. Concordo consigo no que discorda de mim. Saúde,

Graça Sampaio disse...

Um nazi! Só quem lhe partisse, não as montras, mas as fuças!

Catsone disse...

Muito bom o seu texto. Até parece brincadeira, neste momento de de liberdade ao crime político, termos de aguentar com Ulrich's e Ricciardis da vida.
Arre que é maldição!

Cumprimentos.