Damaia, Amadora. 2011.
O inferno dos vivos não é uma coisa que virá a existir; se houver um, é o que já está aqui, o inferno que habitamos todos os dias, que nós formamos ao estarmos juntos. Há dois modos para não o sofrermos. O primeiro torna-se fácil para muita gente: aceitar o inferno e fazer parte dele a ponto de já não o vermos. O segundo é arriscado e exige uma atenção e uma aprendizagem contínuas: tentar e saber reconhecer, no meio do inferno, quem e o que não é inferno, e fazê-lo viver, e dar-lhe lugar.
Fotografia: Jorge Aguiar Oliveira.
Texto: Italo Calvino.
3 comentários:
aaahhh, se isto não é o final das cidades, vou ali e volto já, se bem me lembro :)
e, pela primeira vez, deixo-lhe um beijinho, a um desconhecido, for quoting one of the best books ever :)
Dando continuidade ao Calvino e escolhendo uma mestiçagem entre Clarice e Leonia como cidade invisível ilustrativa da imagem (porque é a cidade que ilustra a imagem), eu diria que o inferno como sentimento reside na vontade do ser em não prescindir do social. A cidade tornou-se apenas uma importante manifestação desse sentimento cavernoso.
Haveria muito para dizer sobre isso, mas depois deixo-lhe aqui a minha cidade preferida de todas as invisíveis.
Abraço
Um beijinhio também para si, Alexandra, e, já agora, para o Cavalo de pau.
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