A vertigem do sucesso não o corrompeu em nenhum momento?
Não. Em casa da minha avó paterna havia na parede um pequeno azulejo com o escrito: "A lisonja é a pior das amabilidades". Sempre o vi sem dar muita atenção e mais tarde acabei por o perceber. Depois das palmas, depois do público, quando já se acabou tudo, volto ao palco para desfazer a loja e penso: tudo isto é efémero. Essa consciência, esse alerta, sempre tive. Caímos em vaidades, é bom para o ego ouvir coisas boas, sou abordado na rua com coisas muito tocantes, mas tenho a consciência que é preciso ter cuidado. No outro dia um taxista disse-me: "Sabe, aquela sua canção 'Toda a gente passou horas em que andou desencontrado, como à espera do comboio na paragem do autocarro'. Senti-me tantas vezes na vida assim"; disse aquilo um bocado amargurado e eu não estava nada à espera de ouvir. Tenho um grande respeito.
Sérgio Godinho, em entrevista para a Revista, Expresso, 25 de Maio de 2013.
1 comentário:
eu também, apesar de muita gente andar por aí a pôr-lhe defeitos.
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