Dostoievski declarou certa vez que as suas maiores angústias derivavam de «uma doença incurável chamada consciência». Não padecem de tal doença os moralistas de direita, insaciáveis na sua sanha de se baterem contra todas as iniciativas que têm como objetivo a expressão concreta, vivida, da solidariedade humana – não, não conta para este campeonato a sua preocupação natalícia com a caridade – quando vertem lágrimas de crocodilo pela morte de Nelson Mandela. Bem os vi, a eles ou aos paizinhos deles, muito calados e quietos enquanto o herói ocupava a cela com número 466/64 na prisão da Ilha Robben. Rui Bebiano, aqui.
4 comentários:
Foi-se o sócio mais prestigiante do nosso Sporting: o Cristiano Ronaldo dos pequeninos. 27 anos preso por acreditar cegamente que os homens podiam ser todos iguais no país que amava. Já não se fazem gajos assim...Abç
É verdade, amigo.
Enoja também, (não sei o que é pior, se o erro de outrora se a falta de vergonha de hoje) mais esta "nódoa" que Cavaco deixa na História portuguesa, e que Daniel Oliveira relembra no Expresso:
"Li ontem que o Presidente da República português, Cavaco Silva, enviou uma mensagem de condolências ao seu homólogo sul-africano, Jacob Zuma, pela morte de Nelson Mandela. Nela, recorda Mandela como "figura maior da África do Sul e da História mundial" e o seu "extraordinário legado de universalidade que perdurará por gerações". E, acima de tudo, a sua "coragem política" e "estrutura moral". O habitual.
É da estatura moral e de coragem política que quero falar. Estávamos em 1987, e o mundo pressionava a África do Sul para libertar Nelson Mandela. Um homem que o Departamento de Estado norte-americano considerava "terrorista" e que Portugal não via com especial simpatia. Por essa altura, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, com 129 votos a favor, uma resolução de solidariedade com a luta do ANC e dos sul-africanos, que incluía um apelo para a libertação incondicional de Mandela. Alguns, poucos, países estragaram a festa, faltando com o seu voto. Um deles foi os Estados Unidos, então presididos por Ronald Reagan. Outro foi o Reino Unido, que tinha ao leme a amante da democracia e da liberdade, Margaret Thatcher. E o outro foi Portugal, que tinha como primeiro-ministro o mesmíssimo Cavaco Silva que hoje se comove com as "verdadeiras lições de humanidade" do homem que, por pressão internacional, saiu, sem rancor, de 20 anos de cativeiro sem a ajuda de quem hoje tanto celebra o seu legado.
Ontem, Ana Gomes recordou outro episódio. Quando a antiga diplomata estava em Genebra, houve, em 1989, uma votação das Nações Unidas sobre as crianças vítimas do apartheid. As instruções que vieram de Lisboa, do governo de Cavaco Silva, foram, mais uma vez, para votar contra. E foi esta, em geral, a posição portuguesa."
http://expresso.sapo.pt/cavaco-silva-hoje-e-quando-era-dificil-estar-do-lado-de-mandela=f844751#ixzz2mhPKqxAN
Espero que descanse em paz,temos que pensar que é mais uma estrelinha a brilhar no céu,todos temos morte certa,uns mais cedo que outros. O que interessa é saber aproveitar a vida. Beijinhos fofinhos!!
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