Não é de hoje que julgo este Governo ilegitimado pela
prática consecutiva da mentira, assim como pelo desrespeito reiterado a órgãos
de soberania. Não faltaram momentos ao Presidente da República em que a dissolução
do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas se justificavam, sendo flagrante
exemplo a decisão irrevogável de se demitir anunciada por Paulo Portas. Vem
agora o Primeiro-Ministro dizer o que a imagem ao alto resume:
“Uma coisa é não concordarmos com determinadas leis, termos
divergências políticas grandes quanto à natureza da legislação que é aprovada;
outra coisa é dizer que essa legislação é inconstitucional. Claro que quando as
coisas são confundidas nós tenderemos a dizer que o uso que é feito das
prerrogativas dos juízes e do tribunal são desvirtuados. Mas isso não se
resolve acabando com o tribunal, evidentemente. Resolve-se escolhendo melhor os
juízes”.
Esta afirmação é gravíssima, provavelmente das mais
ofensivas ao Estado de direito alguma vez proferidas por um político português
em democracia. A gravidade da afirmação parece-me de tal forma evidente que
escusa de ser provada. Basicamente, Passos Coelho quer escolher juízes que
façam fretes ao Governo. Talvez convenha recordar a composição do TC e quem
propôs os respectivos magistrados. Perante tal calúnia, que configura
igualmente uma chantagem inaceitável, vai o Presidente da República voltar a assobiar
para o lado?
1 comentário:
Perturba saber do que aqui se fala. A História está repleta das consequências da intromissão do poder executivo no poder judiciário. Face a esta valsa de carcaças no gancho, sinceramente, antes Pompeia.
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