quarta-feira, 16 de julho de 2014

"A SEDE DE CANTAR SEM SABER PORQUÊ"

Não compete à poesia fornecer certezas definitivas, crenças definidas ou ilusórias consolações. O poeta é um destruidor de mitos, a poesia a Fénix que renasce das cinzas. Sem fechar os olhos ao mal, encarando de frente a realidade, o poeta é o mago lúcido que arranca do inferno uma centelha divina. A poesia é, assim, revelação do humano nas suas mais dolorosas contradições e nas suas ânsias mais secretas: é assunção e redenção, imersão no caos e ressurreição de entre os escombros, luz e trevas, morte e vida. A contradição «é a marca distintiva do espírito, o motor do universo, a vida da própria poesia.


António Ramos Rosa sobre Adolfo Casais Monteiro, in Poesia, Liberdade Livre, O Tempo e o Modo, 15/16, Livraria Morais Editora, Lisboa, 1962, p. 72.

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