Através do Malomil chego às palavras da besta esférica,
todo ele besta, sem ângulos nem arestas, besta total, sem lado nem faces. Há
quem admire a besta, há quem se entusiasme com a sua demagogia mais que
desmascarada, há quem vote na besta, há quem se masturbe a ver a besta
masturbar-se, há quem simplesmente se empolgue e excite com o populismo inconsequente
da besta. Agora a besta fala: «O que mais preocupa os epígonos do PS é que não se possam disponibilizar crianças para satisfazer os caprichos onanísticos e preconceitos heterofóbicos dos gays e das lésbicas.» E o que têm a dizer os fãs
da besta? Deixar-se-ão ficar pelo grunhido enervante do animal? Olharão para o
lado? Fingirão que não leram, que não sabem, que não ouviram? Por mim vou já
dizendo que me sinto ofendido nos meus sentimentos mais íntimos e profundos.
Não me ofendem riscos e rabiscos, pois claro, não me ofendem garatujas, mas as eructações
do burgesso são para mim uma ofensa. Alarve é pouco. O homem merecia uma chuva
de processos na secretária, uma enxurrada infindável de processos que, pelo
menos, o obrigassem a gastar parte considerável do pecúlio amealhado com o tacho
europeu. Burgessos destes, grunhos destes, bestas destas sentam-se todos os
dias nos sofás do poder onde se decidem importantes matérias sobre as nossas
vidas. E isto é aflitivo.
1 comentário:
Nunca estive tão de acordo com alguém sobre um tal assunto... desde que o ouvi grunhir - o *ele*- pela primeira vez...
Instinto meu, creio.
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