Cerca de mil pessoas, segundo estimativas por apurar,
ter-se-ão reunido para formar um cordão humano sob o mote Unir o que está
dividido. Adoptamos o tom hipotético por não estarmos certos de terem sido pessoas a formar o tal cordão. Passos Coelho pegou numa ponta, Paulo Portas na outra, e umas
centenas de entusiastas do desporto saltaram que nem tontinhos enquanto
entoavam hinos de esperança.
Afiança certo jornalista destacado para o local
que o cordão puxava um jumento e que por diversas vezes o jumento escoiceou a
atmosfera, produzindo efeitos estranhos cuja interpretação simbólica ficará a
cargo de Marcelo Rebelo de Sousa assim este chegue a Belém. Alguém de olhos muito arremelgados, apontou para o jumento e gritou: Assis! Ao que todos responderam, em uníssono, com uma respiração funda de gratidão e de reconhecimento. Afinal, ainda há sociais democratas no socialismo.
Outro jornalista,
estrategicamente colocado na escadaria da Assembleia da República, garante que
o cordão, afinal, pretendia formar um nó em torno do pescoço da convergência.
Mais do que unir o que está dividido pretendia-se enforcar um nado-morto, ou
seja, o tal acordo putativo da esquerda que tanto atemoriza os conservadores de
direita a quem passou pela cabeça formar um cordão humano com balões cor-de-rosa
nas mãos e faixas com slogans pintados a verde (tropa? esperança? garrafa?).
O
Natal ainda não chegou, mas o Carnaval antecipou-se em meses. Desconfiamos que
o cordão, afinal, tenha sido mero fio dental entre as bordas da Assembleia. Ou
então foi lançado por alguém a tentar pescar à linha peixes de aquário.
Perdoem-nos as metáforas, por certo excessivas e absurdas, mas, assim como assim, mais
valia que em vez de um cordão humano tivessem formado um elástico. Sempre se
abria a possibilidade de o esticar bem esticadinho e, depois de largado, ver
toda esta gente aterrar em Marte. É que o ridículo nunca tem limites, por mais
que julguemos já terem sido todos atingidos.
5 comentários:
Sobre os limites do ridículo lembrou-me a História de Portugal, de Oliveira Martins, no ali entre 1640 e o resto... Sobretudo na fase pré-terramoto e o que vem logo a seguir a D. Maria I. É bem mais pesado, eu sei, mas rima perfeito com isto. Rima perfeito com isto e com muito o que tens escrito ultimamente (e não só) sobre este pardieiro, isto à falta de melhor palavra.
Falta a fanfarra dos bombeiros e uma mini-saia. Na fotografia.
realmente somos um país do caraças. como é que conseguimos manter-nos independentes (autónomos?) durante todos estes séculos? só pode ser porque isto não interessa a ninguém.
Esta fotografia remete-me para o "A Violência e o Escárnio" do Cossery. Quando olho para ela não me ocorre nada melhor para prestar homenagem ao arco da governação. Balões é genial.
Parece que estes seres de balões queriam unir o largo do rato à Lapa, mas não conseguiram, faltou um bocadinho. :P
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