quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

UM POEMA DE WALT WHITMAN

POR CAMINHOS INEXPLORADOS

Por caminhos inexplorados,
Pela vegetação junto às margens das lagoas,
Liberto de uma vida que se expõe a si mesma,
De todos os princípios já conhecidos, dos prazeres, benefícios, conveniências,
Com que há muito alimentava a minha alma,
Tenho agora a certeza de que os princípios ainda não conhecidos, tenho a certeza de que a minha alma,
De que a alma do homem para quem falo se enche de alegria junto dos companheiros,
Aqui, só, longe do mundo tumultuoso,
Em harmonia com as línguas aromáticas que aqui falam,
Já sem constrangimento (pois neste lugar isolado respondo como não ousaria noutro qualquer),
Diante de mim a vida intensa que não se revela, mas que contém tudo,
Decidido hoje a cantar apenas cantos sobre o afecto viril,
Projectando-os ao longo dessa vida real,
Legando daqui as formas de amor atlético,
Pela tarde deste delicioso mês de Setembro dos meus quarenta e um anos,
Continuo para todos os que são ou foram jovens,
A contar o segredo das minhas noites e dos meus dias,
A celebrar o desejo de ter companheiros.


Walt Whitman (Long Island, Nova Iorque, 31 de Maio de 1819 - Camden, Nova Jérsia, 26 de Março de 1892), in Folhas de Erva, tradução de Maria de Lourdes Guimarães, Círculo de Leitores, Fevereiro de 2006, p. 106.

Sem comentários: