Desde que me conheço que vejo à minha volta políticos a
inaugurarem coisas. Nunca achei mal, embora por vezes tenha considerado o
fenómeno embaraçoso ou ridículo. Enfim, não me alongarei. Posso apenas afirmar
que o nojo que sinto pela figura do padre a benzer alcatrão não está ao mesmo
nível daquele que experimento quando vejo um político, de fato e gravata, a
tentar abrir um buraco no chão com uma pá. São números diferentes do mesmo
circo, terão de ser contemplados à sua escala. O que já transcende todos esses
números é ouvir a um ex-primeiro ministro que não gosta nem vai nem nunca foi a
inaugurações, quando é por todos sabido e pode ser facilmente comprovado que o
homem se fartou de pousar para a fotografia. Em alguns casos com resultados
desastrosos. O que há nisto de relevante não é o assunto em si. É, mais uma
vez, a dimensão patológica da personagem Passos Coelho. Repare-se que neste
caso não havia sequer necessidade para mentir, ninguém lhe levaria a mal que
simplesmente não fosse ao Marão. Ninguém esperaria sequer que fosse ou deixasse
de ir. Mas o tipo não se conteve e lá se lhe escapou mais uma mentirinha.
Passos Coelho é um mentiroso compulsivo, não se contém, aquilo é pura
incontinência verbal, sempre que fala a gente fica a olhar para ele na expectativa
e questiona-se: o que haverá nisto de verdade? Mente, mente, mente, mente e
volta a mentir e, muito provavelmente, ele próprio vive a maior mentira de
todas, a sua própria existência. Alguém lhe devia sugerir uma qualquer terapia,
psicanálise, o que seja. Quando se for deste mundo, inauguremos-lhe a avenida
do mentiroso.
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