quarta-feira, 4 de maio de 2016

PAULO PARATY (1962-2016)


A morte de um ex-árbitro de futebol pode não ser notícia que importe a quem leia estes arabescos, sempre tão dedicados a quem faz das artes modo de vida. Mas Paraty era um artista, e eu chamei-lhe todos os nomes imagináveis. Hoje fiquei chocado ao deparar com a notícia do seu desaparecimento e com o silêncio que sobre essa notícia se abate. Afinal, este homem foi parte integrante do espectáculo, marcou uma geração, quem admire o jogo e acompanhe desafios deverá estar-lhe grato, mais que não seja por ter dado azo a todo o tipo de impropérios catárticos. Para que serve um árbitro de futebol senão para que descarreguemos sobre ele as dores das nossas perdas e frustrações? Este ano tem sido useiro e vezeiro em usurpações, parece querer dizer aos da minha geração que estamos a ficar velhos, que isto das idades é de um relativismo atroz e que a morte a todos espera no caminho. Retiremos da mensagem a urgente lição do hedonismo, é preciso viver a vida quanto antes, gastar o corpo e as palavras, é preciso embebedar de sensações, de todas as sensações e emoções, medos e fobias, ódios, raivas, amores, paixões, este espírito que nos habita a respiração. É preciso quanto antes ser livre e fazer merda e deixar que o corpo se arrependa de arrepender-se. Há uma urgência nisto tudo a gritar como uma sirene no centro da cabeça, enquanto paramos para escrever desabafos, partilhá-los, tragar mais um copo de vinho ao som de Serge Gainsbourg. Este post é para ti Paraty, é em tua memória. Quem diria, hein?!

4 comentários:

Ivo disse...

Parece-me que este post contradiz o do jovem de 24 anos. Ou estarei a interpretar erradamente?

hmbf disse...

Não me parece.

Ivi disse...

Então um adulto terá toda legitimidade para fazer cair um D. Sebastião (ou seu equivalente), é isso?

hmbf disse...

Não percebo a associação.