quarta-feira, 26 de outubro de 2016

EM FORMA

Mens sana in corpore sano, advogavam os antigos e com toda a razão. Alguém que passe a vida a ler Kant não poderá ser saudável se não fizer corresponder ao exercício físico o esforço aplicado no exercício mental. Por cada livro que lemos, uma caminhada, por cada CD que ouvimos, alongamentos, por cada ida ao cinema, três piscinas, por cada concerto, alteres, por cada peça de teatro, vinte flexões… O espírito deveria ser este, tem de ser este, para garantirmos que aos 60 também poderemos exibir-nos em forma. 
A lei não é, porém, unilateral. Os ginásios deviam ser apetrechados de bibliovideoaudiotecas. Só desse modo podemos garantir que os vigoréticos equilibrem a saúde mental oferecendo ao espírito o que exigem do corpo. Os viciados do exercício físico que passam a vida em ginásios poderiam, deste modo, acompanhar as passadeiras de leituras dos clássicos gregos. Por cada peso levantado, uma página de Suetónio. Aulas de zumba? Lições de Camões. Já aos fisiculturistas de passeio, parque, ar livre, devia ser imposta uma condição: por cada hora despendida em correrias, o equivalente à mesa de uma biblioteca a ler nobéis. Parece-me justo e equilibrado. 
Corpore sano en mens sana, advogamos nós agora com os olhos postos no futuro.

2 comentários:

Anónimo disse...

no brasil a junção por cada - porcada é considerada cacofonismo, e o senhor escreve e muito, bem! joão Fernandes lucho Melgarejo

Claudia Sousa Dias disse...

E defecar na palavra "trabalho".