Foi felizmente breve a minha incursão pelo jornalismo
remunerado. Todavia, não foi por ignorância minha que (re)conheci pouquíssimos
jornalistas – foi porque eram e continuam a ser poucos os que merecem esse
título profissional. Lisboa era um nojo: campeavam os génios esquecidos, as
luminárias do croquete, os amásios da fonte-inventada; grassava a cáfila dos
romancistas embrionários tipo Nobel-para-a-semana, dos poetas desiquilibristas,
dos guionistas de têvênovela. Coimbra? Jesus Senhor, Coimbra! Mais doutores por
metro (como eles) quadrado do que honestas pulgas em cão solto. O Porto? Não
sei, passei por lá a caminho de Braga mas retornei de barco até à Figueira da
Foz. Aveiro & Viseu? Mas isso existe? Leiria? Não queirais que Vos fale de
Leiria. Invoco razões higiénicas. Onde o jornalismo sério for embondeiro,
Leiria é logradouro de erva rala. Daninha, naturalmente.
Não, não reconheço nem crise nem jornalismo. O que por aí
se faz – é lama da digestão. Restos-zero à esquerda & à direita. Sabujices
de obra-nada. Coisas de meter em saco plástico a caminho do contentor mais
perto de si. Rácio de dez opinadores bêbedos por cada jornalista sóbrio.
Terraplenadores da democracia, papagaios da cotação-em-bolsa que
estão para os mercados como os freudianos para as mamas da própria mãe.
Daniel Abrunheiro, aqui.
3 comentários:
Em tempos chamei-lhe um dos melhores cronistas nacionais. Coisa em que não me fica a dever favor nenhum; antes eu a ele, de o ler. Sempre certeiro.
Paradoxalmente, parte integrante do jornalismo em análise.
Vou ficar então atenta, a ver se o senhor sabe dizer o que é o jornalismo.
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