Fátima não resulta de um milagre, mas de milhares de
milagres confluindo para um só. Nada do que é verdadeiro importa a Fátima, nem
do que relacionado com o fenómeno milagreiro nacional possa ser mais escabroso.
Leia-se isto, a título de exemplo. O milagre dos milagres é em pleno séc. XXI,
passados 100 anos sobre as putativas aparições, ainda haver tanta gente
esclarecida complacente para com o embuste. Os peregrinos não me incomodam, tal
como não me incomodam os néscios. O que me incomoda é a complacência dos
religiosos e da padralhada toda que, podendo estudar, sabendo do que ali se
passa, ainda vão ao beija-mão à sombra do altar. O simpático Francisco é outro
que se apronta para manter e reforçar o culto da mentira, do ultraje, provando
assim que para ser papa papista basta. É mais do mesmo, apesar da simpatia. Uma
igreja erigida sobre mentiras, falsidades, logros e imposturas como o fenómeno
de Fátima merece-me tanto respeito quanto a Igreja Maná (que não me merece respeito algum).
9 comentários:
"Nada do que é verdadeiro importa a Fátima"...subscrevo.
De Fátima só conheço a estação das camionetas, porque lá parei a fumar um cigarro, a caminho de Coimbra. Não pretendo visitar mais nada de lá :)
Há muitos anos fui ao santuário, mas tive de voltar para trás porque a minha irmã levava saia curta. Não era adequada.
A base da civilização, tal como a conhecemos, assenta em embustes. Fátima é apenas mais um.
«A base da civilização, tal como a conhecemos, assenta em embustes.»
Tal como a conheço, a civilização tem por base valores. Em si mesmos, estes não são embustes. A liberdade, por exemplo, não é um embuste. Os escravos que o digam. Fátima é, por seu lado, a ausência de valores, é o lugar onde um valor como a verdade foi esvaziado de sentido.
Referia-me à civilização no sentido civitas – conjunto de pessoas, em que é um bom embuste que faculta a predominância de uns valores sobre outros. A liberdade não é grande exemplo, já que foi à custa dos escravos que se ergueram as civilizações. :)
Seja como for, haverá verdade naqueles que acreditam e comove-me ver os que para lá se dirigem em Outubro e Maio, se servir para inspirar actos de boa vontade, de compaixão e de amor, não a vejo como sem valores ou sem sentido.
Cuca, acho que é um bom exemplo. Pois foi à custa da ausência de liberdade que aprendemos a valorizá-la. Não percebo que embuste faculta a predominância de uns valores sobre outros, até porque há uma enorme relatividade na forma como diferentes civilizações se colocam perante os mesmos valores. E as civilizações não se ergueram apenas à custa de escravos, mesmo restringindo o termo civilização e assumindo para o conceito de escravo uma noção que é bastante variável na história e entre povos diferentes.
Redonda, inspirar actos de boa vontade não é um bem em si mesmo. A guerra inspira actos de boa vontade. Neste caso em concreto, a mentira inspira actos de boa vontade, o negócio das velas e dos pastorinhos, o ouro nazi, tudo isso inspira actos de boa vontade. Em última análise, seguindo o teu raciocínio, os fins justificam os meios. Honestamente, não me parece boa política.
eu estava a pensar que o meu raciocínio era mais: há mau e há bom :)
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