sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

FÁTIMA

Fátima não resulta de um milagre, mas de milhares de milagres confluindo para um só. Nada do que é verdadeiro importa a Fátima, nem do que relacionado com o fenómeno milagreiro nacional possa ser mais escabroso. Leia-se isto, a título de exemplo. O milagre dos milagres é em pleno séc. XXI, passados 100 anos sobre as putativas aparições, ainda haver tanta gente esclarecida complacente para com o embuste. Os peregrinos não me incomodam, tal como não me incomodam os néscios. O que me incomoda é a complacência dos religiosos e da padralhada toda que, podendo estudar, sabendo do que ali se passa, ainda vão ao beija-mão à sombra do altar. O simpático Francisco é outro que se apronta para manter e reforçar o culto da mentira, do ultraje, provando assim que para ser papa papista basta. É mais do mesmo, apesar da simpatia. Uma igreja erigida sobre mentiras, falsidades, logros e imposturas como o fenómeno de Fátima merece-me tanto respeito quanto a Igreja Maná (que não me merece respeito algum). 

9 comentários:

maria disse...

"Nada do que é verdadeiro importa a Fátima"...subscrevo.

MJLF disse...

De Fátima só conheço a estação das camionetas, porque lá parei a fumar um cigarro, a caminho de Coimbra. Não pretendo visitar mais nada de lá :)

hmbf disse...

Há muitos anos fui ao santuário, mas tive de voltar para trás porque a minha irmã levava saia curta. Não era adequada.

Cuca, a Pirata disse...

A base da civilização, tal como a conhecemos, assenta em embustes. Fátima é apenas mais um.

hmbf disse...

«A base da civilização, tal como a conhecemos, assenta em embustes.»

Tal como a conheço, a civilização tem por base valores. Em si mesmos, estes não são embustes. A liberdade, por exemplo, não é um embuste. Os escravos que o digam. Fátima é, por seu lado, a ausência de valores, é o lugar onde um valor como a verdade foi esvaziado de sentido.

Cuca, a Pirata disse...

Referia-me à civilização no sentido civitas – conjunto de pessoas, em que é um bom embuste que faculta a predominância de uns valores sobre outros. A liberdade não é grande exemplo, já que foi à custa dos escravos que se ergueram as civilizações. :)

redonda disse...

Seja como for, haverá verdade naqueles que acreditam e comove-me ver os que para lá se dirigem em Outubro e Maio, se servir para inspirar actos de boa vontade, de compaixão e de amor, não a vejo como sem valores ou sem sentido.

hmbf disse...

Cuca, acho que é um bom exemplo. Pois foi à custa da ausência de liberdade que aprendemos a valorizá-la. Não percebo que embuste faculta a predominância de uns valores sobre outros, até porque há uma enorme relatividade na forma como diferentes civilizações se colocam perante os mesmos valores. E as civilizações não se ergueram apenas à custa de escravos, mesmo restringindo o termo civilização e assumindo para o conceito de escravo uma noção que é bastante variável na história e entre povos diferentes.

Redonda, inspirar actos de boa vontade não é um bem em si mesmo. A guerra inspira actos de boa vontade. Neste caso em concreto, a mentira inspira actos de boa vontade, o negócio das velas e dos pastorinhos, o ouro nazi, tudo isso inspira actos de boa vontade. Em última análise, seguindo o teu raciocínio, os fins justificam os meios. Honestamente, não me parece boa política.

redonda disse...

eu estava a pensar que o meu raciocínio era mais: há mau e há bom :)