Desconheço o contexto que o levou à frase. Por minha vez, não gosto quando enaltecem qualquer suposta qualidade em se levar uma vida miserável (sobretudo quando os interlocutores levam vidas cheias de privilégios), mas não vejo mal em manter certa frugalidade no modo de vida. Não chamaria de frugal, por exemplo, a vida das crianças africanas citadas no post anterior. É miserável e terrível a vida que levam. Por outro lado, penso nos nativos norte-americanos, por exemplo, antes de chegada dos colonizadores. E em outros nativos e seus testemunhos presentes em livros como "A Fala do Índio", "O Papalagui", "Enterrem Meu Coração na Curva do Rio"... parece-me que todos disseram sobre uma vida satisfatória antes da chegada do "homem-branco", a qual muitos, hoje em dia, chamam de frugal. Assim como é realmente detestável elogiar suposta frugalidade de pessoas que, na verdade, atualmente vivem na miséria, a frugalidade talvez coubesse bem se praticada por aqueles poucos que possuem muito mais do que poderiam gastar em vida. Por outro lado, quem disse que o cidadão médio, se passasse a se despojar de certas coisas, teria uma vida menos satisfatória? Creio que há certo excesso de necessidades muito mais impingidas pelo mercado do que verdadeiras. Não estou aqui vendendo as desvantagens dos telemóveis e outras tecnologias, ou elogiando vantagens de se viver despojados delas, veja bem. Sua frase apenas me deu o que pensar.
Em suma, falamos do mesmo. Concordo com tudo o que diz. A frugalidade não se elogia, faz-se dela um modo de vida conforme as aspirações de cada um. Já tenho escrito sobre o exemplo dos índios a que se refere, citando esses e outros livros. Voltarei em breve ao assunto. Obrigado pelo comentário.
Falando em índios, o que sobra aos poucos que restam, não é promissor: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2017/04/07/como-paramos-no-tempo-se-ha-500-anos-lutamos-por-nossas-terras-indios-criticam-chefe-da-funai.htm
5 comentários:
Adorei este pequeno texto.
Uma frase pode dizer tanto.
Obrigado.
Desconheço o contexto que o levou à frase. Por minha vez, não gosto quando enaltecem qualquer suposta qualidade em se levar uma vida miserável (sobretudo quando os interlocutores levam vidas cheias de privilégios), mas não vejo mal em manter certa frugalidade no modo de vida. Não chamaria de frugal, por exemplo, a vida das crianças africanas citadas no post anterior. É miserável e terrível a vida que levam. Por outro lado, penso nos nativos norte-americanos, por exemplo, antes de chegada dos colonizadores. E em outros nativos e seus testemunhos presentes em livros como "A Fala do Índio", "O Papalagui", "Enterrem Meu Coração na Curva do Rio"... parece-me que todos disseram sobre uma vida satisfatória antes da chegada do "homem-branco", a qual muitos, hoje em dia, chamam de frugal.
Assim como é realmente detestável elogiar suposta frugalidade de pessoas que, na verdade, atualmente vivem na miséria, a frugalidade talvez coubesse bem se praticada por aqueles poucos que possuem muito mais do que poderiam gastar em vida. Por outro lado, quem disse que o cidadão médio, se passasse a se despojar de certas coisas, teria uma vida menos satisfatória? Creio que há certo excesso de necessidades muito mais impingidas pelo mercado do que verdadeiras.
Não estou aqui vendendo as desvantagens dos telemóveis e outras tecnologias, ou elogiando vantagens de se viver despojados delas, veja bem. Sua frase apenas me deu o que pensar.
Em suma, falamos do mesmo. Concordo com tudo o que diz. A frugalidade não se elogia, faz-se dela um modo de vida conforme as aspirações de cada um. Já tenho escrito sobre o exemplo dos índios a que se refere, citando esses e outros livros. Voltarei em breve ao assunto. Obrigado pelo comentário.
Falando em índios, o que sobra aos poucos que restam, não é promissor: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2017/04/07/como-paramos-no-tempo-se-ha-500-anos-lutamos-por-nossas-terras-indios-criticam-chefe-da-funai.htm
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