Memento mori
O importante é saber se trabalhar cansa.
Só de me rir continuo a morrer. Morto, e bem morto
na morte — esse o teu chip romântico?... Trabalhar cansa,
corrói tudo por dentro, como as ratazanas sabem.
Euseilá, se sou meio cá meio lá, de encontro ao muro,
no chão, ou no sofá. A dívida de tão infra humana, o termo-
-aquecimento, os drones a cert'altura, a geolocalização.
É tudo tão triste, euseilá se um peregrino a fazer químio
faz toda a diferença? Euseilá se faz pena uma cidade
com berças. É só conversa, certos Estados democráticos
idem idem, do wi-fi da tua alma que é tão fraco. Do viral terror,
das doenças terminais. Enfim, morrer, morrer de mais cansa.
Dá trabalho a muita gente, a fechadura romântica!?
Trabalhar, dá vontade d'estar preso, d'abrir os portões ao paiol.
Dar de cabra sem saber, se uma chamada caída,
se um avião desviado. A um não-doente, a comichão política
& exsudativa da nação. O prémio da montanha
é de louvar a descida aos infernos. Dá vontade de bazar
daqui para fora. A correr, a saltar. A pular quando
morro a pedalar. Não trabalhar é imperioso.
Rui Baião, in Barbearia Tiqqun, Frenesi, Setembro de 2017.
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