Quando Miguel Esteves Cardoso publicou “O Amor é Fodido” a
discussão em torno da linguagem teve algum interesse. Diversos sucedâneos que
não farão história procuraram utilizar a provocação do título como argumento publicitário.
O que havia de interessante na discussão desceu ao grau zero, pelo que já
ninguém levou a sério o título “Como é Linda a Puta da Vida”. Entre as crónicas
deste livro, que foi um sucesso de vendas, estavam histórias de amor que fazem
as delícias das redes sociais. A linguagem já não importava, pelo menos não
tanto quanto as emoções associadas às palavras.
Recentemente, as livrarias foram
invadidas de títulos congéneres. Em comum, o uso do calão. A culpa é do
bestseller “A Arte Subtil de Saber Dizer Que se Foda”, de Mark Manson,
publicado pela neófita Desassossego.
O cheiro a sucesso impregna de tal modo a
cabeça dos editores portugueses que as réplicas não tardaram. Já sem nenhuma
subtileza, e criatividade zero, a IN publicou "Mude a Sua Vida Aprendendo a
Dizer Que se Foda", de Sarah Knight.
Correndo atrás do cifrão, a Vogais procurou
inovar. Substituiu o palavrão publicando "Como Sobreviver a um Filho da Puta", de
Robert I. Sutton. Nada de novo, porém. Há anos, a Casa das Letras publicou "O Livro do Filho da Puta", que nada tem que ver com a genial sátira assinada por Alberto Pimenta com o título "Discurso Sobre o Filho-da-Puta".
Isto podia ter ficado por aqui, não fosse dar-se o caso de
onde há foda e putas haver sempre lugar a merda. Eis que chega às livrarias "Como Deixar de Se Sentir Uma Merda", de Andrea Owen. Publica a Presença.
Comum
a todos estes livros, uma estrela no lugar de uma letra. Uma estrela. Nas livrarias, estes livros roubam posição de destaque a outros livros. Adivinhem quais.
2 comentários:
A Puta da Literatura Séria já não Vende.
livraria filha da putice
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