(...)
Michelet faz-nos viver o conflito pelos olhos, e com a
linguagem simples e directa, espelhada nos seus diários, cartas, pensamentos,
angústias expressas e diálogos, de um rapaz de uma família proletária de
uma zona florestal norueguesa. O resto, a boa literatura, a variedade de
linguagem, a evocação da geografia, da astronomia, da ciência da navegação, da
história, está descrita à sua volta. Como cenário. Um cenário prodigioso. Foi,
quanto a mim, uma escolha corajosa. Uma escolha pelo rigor e pela verdade. Na
Noruega sempre é um pouco mais fácil. Entre nós era impossível; escrever um
romance de pescadores de bacalhau sem os fazer exprimir na mesmíssima linguagem
que usa a Lili Caneças e os tipos das calças vermelhas de Cascais. Ou os da
roupa negra da FCSH. Que dá no mesmo.
No Âncoras e Nefelibatas, sempre a aprender.
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