MORTE
Ó peixe, vi-te protestar silenciosamente,
espantado por morreres assim, arrancado
à felicidade. Ó estilizado,
cinzento suspiro, na areia dolorosa.
Ai, tua quietude adensa, luminosa.
E entretanto, teu vazio delicado
gira no rio, que te chama, ondulado
por esse giro e não por outra coisa.
Que Idade Média expira no teu perfil,
e no teu manto prateado, no teu rabo
e nome de rei?
Dói ser observado pelo teu olho inocente.
Dou-te a minha solidão como onda,
Imóvel peixe-rei.
Amelia Biagioni (n. Gálvez, Argentina, 1916 - m. Buenos
Aires, idem, 2000), traduzido por HMBF a partir da versão coligida por Marta
Ferrari, in Poesía Argentina - Antología esencial, vol. 7 da
colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis García Montero e Jesús
García Sánchez, Visor Libros, 2010, p. 71.
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