Não sei se a vossa memória chega a tanto, mas há umas
décadas isto não era assim. Ninguém bebia vinho em Portugal. Depois fizeram-se
campanhas promovendo os nossos vinhos, a produção modernizou-se, investiu-se
nos rótulos, o vinho foi-se tornando moda. Hoje em dia o ridículo da moda
atinge pináculos intoleráveis, um dos quais é bastante perceptível no preço dos
vinhos que constam nas cartas dos restaurantes.
Entendo e aceito o preço de um
prato confeccionado na hora, é fruto do trabalho e da recriação de quem o
cozinha no momento. Não entendo, julgo revoltante, inadmissível, o preço dos
vinhos nos restaurantes. Quero que me expliquem por que razão tenho de pagar
por uma garrafa de vinho num restaurante o quíntuplo do que ela custa num
supermercado ou numa casa de vinhos.
A situação é ainda mais grave se tivermos
em conta que o preço ao consumidor nos hipermercados não é o mesmo que a restauração
consegue negociar junto dos seus fornecedores. Como se justifica que uma
garrafa que custa 3 € no minimercado aqui da esquina surja a 12 € na carta de
vinhos de um restaurante logo ali ao lado? Isto merece uma revolução, merece a indignação de todos nós.
Todos os
revolucionários do país deviam unir-se contra este tipo de situação. Se há
matéria que justifica uma manifestação violenta de coletes amarelos, esta é uma
delas. Estamos a ser roubados, vergonhosamente roubados.Comparado com o preço da
gasolina, da luz, do gás ou da água, a inflação exercida sobre uma garrafa de
vinho servida num restaurante é absolutamente escandalosa. E um homem precisa
de gasolina para sobreviver.
Pela parte que me toca, vou optar pela
desobediência civil. Agora, sempre que for comer fora levarei comigo uma garrafa
de vinho. Quando me perguntarem o que quero beber, responderei que trouxe de
casa.
3 comentários:
vou mais longe, sempre que me perguntarem o que quero comer, digo que trouxe de casa.
Eis aqui estampado o maior problema dos movimentos revolucionários: um tipo diz mata e vem logo outro a dizer esfola. Não podemos, para já, ficar pelo mata? Deixemos para depois o esfola.
A isto chama-se a revolução ao quadrado ou, se quiser, revolução 2.0. Há ainda aqueles que dizem estripa, mas isso é a revolução ao cubo.
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