Entre balanços, repete-se o dos que foram desaparecendo
ao longo do ano. Prática de uma nostalgia lúgubre, enrolada no manto
confortável das memórias devidas, a lista convoca num mesmo saco gente admirável
e personalidades que não deixarão saudade. Aqui já não impera a lei dos
melhores. Como escolher os melhores mortos de um ano, assim como quem enumera
os melhores filmes ou os melhores livros? São simplesmente pessoas que viveram,
fizeram coisas, morreram. Não importa o que fizeram, pelo menos neste momento
de confirmação da morte. Sobre os factos fará a história seus julgamentos. Por
isso lembramos Oskar Gröning e Anthony Bourdain como se fossem peças de um
mesmo puzzle, sem estarmos particularmente interessados em como levaram as suas
vidas, no que fizeram ou em como morreram. São apenas nomes de rostos
conhecidos, gente da qual nos sentimos mais ou menos próximos por termos ouvido
falar deles mais ou menos vezes. Ao alto, uma imagem de Helena Almeida.
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