sábado, 2 de fevereiro de 2019

WHISKY AND SODA




Levado por circunferências de aço
que rodam sobre complacentes paralelas também de aço
chupo o cilindro, forrado com papel
que contém na ponta iluminadas folhas picadas tostadas
bebo da vasilha de quartzo translúcido
este líquido composto por álcool
misturado com água de onde o gás sobe em pequenas esferas
esgrimo este outro cilindro de madeira com eixo de grafite
aplico-o na plana celulose branca sumamente delgada
elevo finalmente o meu repugnante coração sobre as ondas
da técnica
e consigo dizer amo-te

César Fernández Moreno (n. Buenos Aires, 26 de Novembro de 1919 – m. Paris, 14 de Maio de 1985), versão de HMBF a partir do original coligido por Marta Ferrari, in Antología – La poesia del signo XX en Argentina, vol. 7 da colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis García Montero e Jesús García Sánchez, Visor Libros, 2010, p. 140. Diplomata de profissão, era filho do poeta Baldomero Fernández Moreno. É um dos nomes mais destacados da chamada Geração de 40, tendo dirigido as revistas Contrapunto, Correspondencia, e integrado o grupo da revista Zona de la poesía americana. O primeiro livro foi Gallo ciego (1940), com prefácio do pai. Colaborou na imprensa escrita como crítico de cinema. A sua poesia revelará algumas inflexões na década de 50, optando por um registo irónico de cunho social. Uma das suas obras mais aclamadas é Argentino hasta la muerte (1963). Fundou e dirigiu a colecção Fontefriada.

Sem comentários: