Levado por circunferências de aço
que rodam sobre complacentes paralelas também de aço
chupo o cilindro, forrado com papel
que contém na ponta iluminadas folhas picadas tostadas
bebo da vasilha de quartzo translúcido
este líquido composto por álcool
misturado com água de onde o gás sobe em pequenas esferas
esgrimo este outro cilindro de madeira com eixo de grafite
aplico-o na plana celulose branca sumamente delgada
elevo finalmente o meu repugnante coração sobre as ondas
da técnica
e consigo dizer amo-te
César Fernández Moreno (n. Buenos Aires, 26 de Novembro
de 1919 – m. Paris, 14 de Maio de 1985), versão de HMBF a partir do original
coligido por Marta Ferrari, in Antología – La poesia del signo XX en
Argentina, vol. 7 da colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis
García Montero e Jesús García Sánchez, Visor Libros, 2010, p. 140. Diplomata de
profissão, era filho do poeta Baldomero Fernández Moreno. É um dos nomes mais
destacados da chamada Geração de 40, tendo dirigido as revistas Contrapunto,
Correspondencia, e integrado o grupo da revista Zona de la poesía americana. O
primeiro livro foi Gallo ciego (1940), com prefácio do pai. Colaborou na
imprensa escrita como crítico de cinema. A sua poesia revelará algumas inflexões
na década de 50, optando por um registo irónico de cunho social. Uma das suas
obras mais aclamadas é Argentino hasta la muerte (1963). Fundou e dirigiu a
colecção Fontefriada.
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