Passam comboios, aviões, gente que leva no bolso
o seu conhecimento empírico.
O cenário, ainda que preso à terra com um tripé, muda
rapidamente:
vai
da certeza à dúvida,
da
dúvida
à
dúvida explícita,
e
torna a começar.
Passam comboios, aviões, cidades que só de olhá-las se
aceleram,
e o homem compõe o cachecol, sabe que o frio não se
contradiz, que a chuva não tem duas ideias:
conhece
a rua pela agitação,
o
rumo pelo empurrão da estratégia,
o
alimento pela necessidade.
Sabe que o cenário é o único argumento.
Santiago Sylvester (n. 1942), versão de HMBF a partir do
original coligido por Marta Ferrari, in Antología – La poesia del signo XX
en Argentina, vol. 7 da colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis
García Montero e Jesús García Sánchez, Visor Libros, 2010, p. 370.
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