TERROR
O terror é isto que começa aqui
a multidão junta-se em vão nas
varandas cegas para o que está para vir
O homem deitado sobre a linha do eléctrico
há meses que deixou de tomar a medicação
sorri ausente, de braços estendidos sobre o alcatrão
Não há anestesia que disseque
estes membros sem nação
Europeus que ainda respiram
Tremer é espasmo involuntário
com pouco de imprevisto e
nada de arbitrário. Se Dezembro
dissipar todos traços do seu hálito
com um manto frio
o homem reconhecerá que
deste lado
não sobeja alívio nem na noite
(por isso continuará a sorrir)
As bombas que rebentam mil vezes na
televisão, invejam por cá a destruição
que cai, nevando serena e em silêncio.
Susana Araújo, in Dívida Soberana, Mariposa Azual, Novembro de 2012, p. 24.
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