sábado, 28 de novembro de 2020

A SEMENTEIRA DE BRUMAS

O nevoeiro faz da paisagem uma noiva frígida à espera que ele se levante. Do terraço consigo a custo vislumbrar os ciprestes, os giacomettis das árvores. Uma morta da família tinha-os carinhosamente plantado para, um dia, ocultarem a autoestrada que agora só desliza até casa pelos seus sons marítimos. Talvez aproveitem o nevoeiro para trocarem de lugar mas a esse espectáculo me furto. Tenho de descer para fazer o almoço deixando que a Terra gire a sua aliança com o desvelo de quem pode exprimir à vontade uma enorme repulsa por tudo o que a ordena.


Marina Tadeu, aqui.

2 comentários:

rodrvic@gmail.com disse...

Saudades dela no FB. O ar fresco das letras dela fazia aquilo mais respirável, menos repetitivo.

hmbf disse...

Pode ler no blog, com menos ruído à volta.