Richard Rodgers compunha as melodias, Lorenz Hart escrevia as letras. Não nos referimos a eles quando ouvimos My Funny Valentine, outro standard concebido nos palcos da Broadway. O que também geralmente se omite é que estas comédias incluíam discussões filosóficas onde não faltavam referências a Nietzsche e Marx. Preferimos lembrar o mel na voz de Chet Baker, mel de melodia melancólica, três vezes mel, partindo do princípio falacioso de que a fúria é um exclusivo de quem grita. Este adormeceu-a com doses de heroína no sangue, até perder definitivamente os dentes mordido pela raiva que nos atira para a bocadura do desespero. E assim burlamos a vida, a nossa e a dos outros, fingindo dores nos calos dos pés quando nem dores, nem pés, nem calos.
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