quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

UM POEMA DE JOSEFA DE MALTEZINHO

 


MAR DE ROSAS

Pergunto-me que mar de rosas existe
nesta coisa esférica de ceifar o riso pela raiz;
neste logro que dá pérolas a porcos
como fósforos a velas sem pavio

Há quem diga que nenhum.
Mar? só o céu infinito na saia de pregas
em chama por estrear;
rosas? só o canteiro na blusa
muito antes do amor lhe desbotar os verdes

Eu digo que a pele das rosas tem o hábito
de trazer espinhos por parir no ventre,
e que a vida é como um pano de boa estirpe:

no melhor dela cai a nódoa.

Josefa de Maltezinho, in Uma Garfada de Sol No Umbigo, Editora Exclamação, Outubro de 2021, p. 19.

1 comentário:

Anónimo disse...

era uma vez uma roseira,
suas filhas belas e perfumadas,
rosas de pétalas livres... tão livres entre si,
decidiram libertar-se!
foram muitas com o vento.
uma só com uma abelha.
uma outra voou alto,
foi conhecer o mundo no bico dum papagaio,
colorido e vagabundo...

Um Abraço