Ao espelho,
a velhice castiga a mulher mais do que a morte.
Ninguém prepara a rapariga para o amolecimento das carnes.
A luz brilha noutra moça menos velha.
Quando ainda esbraceja,
vai à costureira e manda subir as saias.
As pernas são as últimas a estragar-se.
Vã tentativa de aquietar o relógio.
As mesmas lágrimas bojudas aos oitenta.
A morte ao espelho da rapariga
faz troça da grossa da pobre velha.
Cláudia Lucas Chéu, in Ode Triumphal à Cona, Companhia das Ilhas, Fevereiro de 2022, p. 23.
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