terça-feira, 2 de agosto de 2022

BREVE NOTA SOBRE CRÍTICA LITERÁRIA

 
Tenho para mim que a crítica literária poderia reduzir-se aos pensamentos que vamos tendo enquanto acompanhamos a leitura de um livro, não fosse a vaidade de muitos críticos em pretenderem fazer-se passar pelo que não são: filósofos. Tenho a mania de anotar impressões nas margens dos livros que vou lendo, sendo que uns ficam mais registados do que outros. Alguns não inspiram comentários, ainda que exijam correcções. Gralhas, erros, etc. Nada como um exemplo. Voltei a pegar nas “Breves Notas Sobre Literatura-Bloom”, do Gonçalo M. Tavares, e recolhi os comentários que fui espalhando pelas páginas do livro à medida que o lia. Ficou assim:
 
Banal. Isto já foi escrito um milhão de vezes de mil e uma maneiras. Arquivo de factos? Adiposo. Ver conto da Laís Chaffe, julgo que “O Salto”. Engraçado. Pessoa interesseira, deita-a na lixeira. Egoísta rima com fascista. Isto podia ser António Pocinho. Coitado. Lugar-comum. Um dicionário de lugares-comuns, seria incomum? Depende do texto. Este não ficaria pior esborratado. OK, isto é bom. Pois. Já li isto algures. Terá sido numa entrevista? Isto também não é mau. Mas é imagem, mera imagem. Básico. Ver página 53. Intensidade. Gosto mais de Beckett. E de vinho. !! A sério? Onde? Lyotard, claramente. Mais Lyotard, o da pós-modernidade. Olha Brecht. Meta-escrita. Porra, que tédio. Acumular, como nas acumulações de Arman. Mas Arman sempre recolhia lixo, o escritor produz lixo. Não bebes mais nada.
 
Nota: este último comentário é ao posfácio de Borja Bagunyà.

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