Dantes é que era bom
não havia passado
vivia-se numa urgência de futuro
engordámos
perdemos cabelo
manchámos dedos e dentes
com o fumo do tabaco
e lavrou rugas no rosto
semeando frustrações
que nos impedem de respirar
era tudo mais puro
como se não houvesse já nesse passado
a ruína em potência deste tempo
porque ingénuos e estúpidos
nos julgávamos o princípio e o fim
de todas as coisas
entre as quais nós mesmos
destravados em íngremes precipitações
dantes é que era bom
mentira repetidamente reflectida
nesse espelho que impiedosamente devolve
o negativo radiográfico
do cordão umbilical
em que nos enforcámos à nascença
(Trad. HMBF)
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