J.
Na bicicleta tão pequena tu eras grande
de mais. Saltando muros, levantando a
roda, até os meus tios vinham ver-te
às voltas no terreiro de asas nas rodas
e jeito tão azul. Mas um dia
ganhei-te na corrida. Tu sorriste,
deste-me piratas e eu nunca soube bem porquê.
Mas não foi por causa disso que morreste.
Um dia de manhã os teus pés parados sem saber.
Morreste nesse dia e eu nem sequer
chorei. Não é preciso, amigo.
Chegaste primeiro desta vez. És o maior:
A morte é uma bicicleta, tenho
a certeza disso.
Nota: com um agradecimento à Cláudia Souto pela partilha da imagem.
4 comentários:
Sempre é bom arrumar a casa :-) Até já.
Ainda ontem e nos dias que o antecederam me lembrei dele. De como foi olimpicamente ignorado pela crítica e pelos editores que rejeitaram as suas magníficas obras.
Foi e é. Mas justifica-se, afinal há para aí tanta miúda gira a escrever tanto poema e tanto jovem de boas famílias e bem relacionado.
Isso é verdade. Conheço vários casos assim. Infelizmente.
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