terça-feira, 17 de dezembro de 2024

DE MÁ CONDIÇÃO

 


Calhou assim, não foi propositado. Chegou-nos ontem, Dia Mundial da Árvore e da Poesia, este segundo volume da Colecção Insónia. O primeiro foi "A Dança das Feridas". Esperámos 13 anos por ele, eu, a Maria João Lopes Fernandes e o Pedro Serpa.
 
Tal como aconteceu no passado, também deste volume não farei apresentações públicas nem distribuição pelas livrarias. Trata-se de uma edição única, minha e da Maria João - autora das pinturas na capa e no interior, originais concebidos para este efeito -, que em nenhuma circunstância deverá ser objecto de qualquer reedição.
 
Quem tiver interesse num exemplar, poderá contactar-nos, a mim ou à Maria João, por Messenger (Facebook, Instagram) ou email. O meu email é fialho.henrique@gmail.com. O valor de capa, com portes incluídos, é 10€. São 78 poemas e 9 reproduções de pinturas da Maria João Lopes Fernandes. O design e a composição é do Pedro Serpa.
 
Em memória de minha mãe, Clarisse Maria Tavares Bento.
 
Saúde.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

DOMESTICADORA DE GIRASSÓIS

 


Os 14 contos de Domesticadora de Girassóis, mais extensos do que é habitual neste autor, exploram universos fantasmagóricos com personagens que tentam equilibrar-se entre o real e o imaginário. O que há de anómalo e de paradoxal nas situações recriadas encontra na multiplicidade formal, que vai da ficção narrativa ao poético, da crónica ao drama, do relato autobiográfico à prosa ensaística e ao diário, vias de expressão para seres cuja existência está em permanente conflito com um mundo onde a separação entre caos e ordem perdeu qualquer sentido.

236 páginas
Maio de 2024
 

Venda directa – pedidos para: companhiadasilhas.lda@gmail.com
 
Também disponível 

na Snob: https://www.livrariasnob.pt/product/domesticadora-de-girassois ;





domingo, 15 de dezembro de 2024

ONTOGRAFIA

 


ONTOGRAFIA
 
Ser como o mímico padeiro com
duas mãos explicativas não é jeito de
simular o compasso rebatendo
a distância comungada
 
ser à espera não é crescer
medos das imagens engolidas
que germinam no fundo do esófago
depois de um hálito fertilizante
 
ser dos olhos muito abertos, não sei
ser do orquestramento do teu riso
assim lançada numa rede que
titubeia, não sei
 
ser da viagem instantânea quando o
problema é a infiltração aqui,
o arqueio do ar face à minúcia
do osso articulado, não é problema
até que chegue um rosto que diz para pôr o pé
e aí tudo cora
 
ser do chão
com um jacto a sair do umbigo
ser a contradição
não é nada
 
ser inês não é bem
nem é dizer sempre que uma coisa
não é uma coisa
não vá essa coisa ser só
 
Inês Morão Dias (n. 1988), in Soco e Sono (Tinta-da-China, Novembro de 2024). Após a estreia com Par de Olhos (Fresca, Agosto de 2019), Soco e Sono é um contributo inabalável para a afirmação desta poesia como uma das mais singulares na contemporaneidade portuguesa. São poemas com um rasgo prosódico incomum, conseguido através de inusitadas conexões vocabulares num complexo lexical que flui através de associações fonéticas aparentemente mais empenhadas na exploração das possibilidades de sentido do que na expressão de uma qualquer perspectiva unívoca acerca dos temas abordados. Estes, na sua diversidade, surgem à solta num espaço vazio sem lugar para afirmações categóricas. Faz-se aqui justiça a essa ideia herbertiana da poesia enquanto discurso que procura dizer como tudo é outra coisa. Por vezes elípticos, aqui e acolá hiperbólicos, noutras ocasiões desenvolvendo-se em sequências mais ou menos longas, raramente estes poemas se deixam contaminar por uma emotividade que se sobreponha ao gozo da língua que se questiona a si mesma, uma «língua inventada», e às imagens vigorosas engendradas na plasticidade das palavras. A excepção serão poemas tais como “A Física da Meta” ou o derradeiro “Festa de Anos”, marcos de «um tempo entre não ter deuses e ainda sem deus». Antiaforística, se assim podemos dizer, a poesia de Inês Morão Dias opta pela deriva de uma “liberdade livre” que prefere a dúvida, a pluralidade, a natureza híbrida dos conceitos, o questionamento, às «certezas que convidam a que fiquemos quietos». Há momentos, raros, que a aproximam de pequenas narrativas, mas nunca se consentindo arrastar para o óbvio, preferindo antes as zonas de estranhamento e de absurdo fazendo «da ginga regra».  

sábado, 14 de dezembro de 2024

50 X 15

 


“Faith”, The Cure.
 
Quem diria que aos cinquenta iria voltar a ouvir The Cure com o mesmo entusiasmo dos dezassete. Acontece que “Songs of a Lost World” (2024) é muito bom, quase tão bom quanto “Faith” (1981) e “Pornography” (1982), álbuns de que o mais recente se aproxima depois da deriva pop inaugurada com “Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me” (1987). A epígrafe de John Keats, poeta romântico inglês, é pertinente introdução a um conjunto de temas que tem como mote o fim, a morte, o desaparecimento. «This is the end», começa por cantar Robert Smith depois de um intróito de três minutos em ambiente etéreo. A raiz gótica pós-punk mantém-se viva, sobretudo no extraordinário “Drone:Nodrone”. Reeves Gabriels, que tocou com David Bowie, oferece precioso contributo nas guitarras. Lê-se por aí que as letras deste álbum foram inspiradas na obra do decadentista Ernest Dowson, prematuramente desaparecido, o que me deixa com vontade de explorar o escritor inglês. Na sua extrema simplicidade, as letras de Smith dão testemunho da mais complexa das experiências humanas, a percepção do fim que se aproxima e do tempo que passou e do passado irremediável: «I waste all my world like this / intending time and memories / and all for fear of what I’ll find / if I just stop / and empty out my mind / of all the ghosts / and all the dreams»… Singrando no caudal neo-romântico e nostálgico das melodias, estas palavras transportam-me para a mais essencial das aprendizagens que podemos fazer enquanto por cá andamos: é que vamos deixar de andar. A partir daqui, desta consciência nítida da finitude, talvez uma certa modéstia possa ajudar-nos a não sofrer tanto com as reservas do futuro.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

DADORES

 
Vem no Público: "Dadores de fezes procuram-se". Parece mentira, mas é verdade. Com tanto cagão que para aí anda, com tanta caca que por aí se faz, ainda precisam de procurar? Talvez não saibam onde fica a Assembleia da República.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

LISTAS

 
Passo os olhos pelas listas dos melhores livros de 2024 e constato que, do que por aí aparece, o único que li foi, na verdade, publicado em 2023. Apetece-me dizer como o Manuel Gil, não me fales dos novos que eu ainda não saí dos gregos.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

VEM NA BÍBLIA

"As pessoas que se julgam espertas porque estão convencidas de que és parvo são as mais pobres de espírito. É delas o reino dos céus."

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

50 X 14

 


“Black, Brown and Beige”, Duke Ellington.
 
Há uma magia nestas gravações antigas que nenhuma tecnologia moderna logra superar. Meto os auscultadores e delicio-me a dividir a atenção por cada instrumento, a secção rítmica, os metais, o piano. Do maestro Duke Ellington há muito por onde escolher, mas esta gravação das apresentações no Carnegie Hall em 1943 leva-me às nuvens. Estávamos em plena Segunda Guerra Mundial, Ellington apresentava ao público norte-americano a mais elaborada e ambiciosa das suas peças: “Black, Brown and Beige”. Entre composições divertidas como “Jumpin’ Punkins” ou a celebração fúnebre em dois tempos — “Dirge” e “Stomp” — de Billy Strayhorn, com Ray Nance a brilhar no trompete, Ben Webster no saxofone tenor e Johnny Hodges no saxofone alto, este tríptico dedicado à história dos afro-americanos era de uma sofisticação inusitada. Nem toda a gente compreendeu, outros terão compreendido e, também por isso, não gostaram. Glorificar a história dos negros num país de brancos? Que atrevimento. Com ficha no FBI como apoiante do American Communist Party, este príncipe da mais bela das músicas de raiz negra sublinhava então a história dos seus evocando as work songs e os espirituais cantados entre escravos, lembrava os povos nativos, a participação dos negros nas guerras de um país que os segregava, o blues das ruas e das casas de má fama, a guerra em curso. No Herald Tribune, um crítico sentenciava: «Toda a tentativa de transformar o jazz numa forma de música artística deve ser desencorajada.» Passados 81 anos, ninguém sabe o nome do tal crítico. É a vida.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

DALTON TREVISAN (1925 - 2024)

 



Lê-se por aí que Dalton Trevisan tinha aversão à imprensa. A partir de certa altura, deixou de dar entrevistas, não se deixava fotografar, desapareceu. Tenho cada vez mais admiração por essa gente rara que não se dá a ver. Em Portugal, a discrição de Teresa Veiga ou Fernando Guerreiro são exemplos notáveis, para mais sublinhados com obras que falam por si. B. Traven, de quem a Antígona publicou "O Visitante da Noite e Outros Contos", é um dos meus mitos. Outros casos há, mais ou menos apreciáveis, de quem se esconde por detrás de um nome ou simplesmente tudo faz para evitar os holofotes, escapando à vanidade que engole a maioria como um pântano.

domingo, 8 de dezembro de 2024

DISTÂNCIA

 
Ao longo da vida, tenho conhecido inúmeras pessoas para quem as Caldas fica muito longe de Lisboa, mas Lisboa fica pertíssimo das Caldas. Assim Quitéria, para quem vinte passos na sua direcção sempre foram menos custosos do que um passo na direcção do outro.

sábado, 7 de dezembro de 2024

UM POEMA DE ROSA OLIVEIRA

 


VALENCIÀ

quando nós tivermos a idade deles
eles que têm um terço da nossa idade
quando nós tivermos a idade deles
o que diremos de diferente daquilo que já dissemos?
como cruzaremos as mãos por cima da mesa
do restaurante italiano no coração de Valência?
quando tivermos a idade deles
como faremos para lidar com a morte
que se aproxima a passos largos e sonoros?
talvez como lidamos com a música
heroinómana de Chet Baker espalhando
migalhas calculadas de Irving Berlin
na mesa invariável de toalha de xadrez

quando tivermos a idade deles
seremos mais sensatos do que fomos
falaremos neerlandês e diremos
com o sorriso actual e envergonhado deles
que no nosso país não se cozinha
não temos tempo a perder
simplesmente não podemos perder o nosso
precioso puritano tempo
a derreter sabores que duram segundos
usando legumes que nem sabíamos existirem
não podemos desperdiçar o nosso
funesto vigoroso tempo
a dissolver sombras no palato
ocupados com a evolução da liga hanseática

quando tivermos a idade deles
como faremos para ser diferentes do que fomos?
como amaremos a tempo de sermos nós a dizer
que valeu a pena sermos algo parecido com o que somos?
o que faremos do tempo, única, insolúvel questão
entre os dedos frágeis do presente metido a passado?

Rosa Oliveira, in Errático, Edições Tinta-da-China, Agosto de 2020, pp. 81-82.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

50 X 13

 


“Nighthawks at the Diner”, Tom Waits.
 
Se tudo correr bem, hei-de morrer um dia destes. A vida eterna não é hipótese que me seduza. Infelizmente, a confiar no método indutivo, irei desta para melhor sem ter assistido a um concerto de Tom Waits. E isso sim, é hipótese que me desgosta. Creio ter sido por 1992 que comecei a ouvi-lo, “Bone Machine” rodava numa cassete. Só depois terei adquirido “Nighthawks at the Diner” (1975), surpreendente gravação ao vivo de um excepcional contador de histórias. A música de Tom Waits é devedora do blues, mas também do cabaret, do vaudeville, das canções de Kurt Weill para o teatro de Brecht, do circo. A voz cavernosa foi-se formando ao longo dos anos, adquirindo em alguns momentos modalidades guturais que imprimem às canções ambientes monstruosos, por vezes soturnos, românticos nesse sentido assombroso do belo horrível. Lembro-me de ouvir “The Black Rider” (1993) vezes em conta, estrondoso conjunto de composições para uma peça de Robert Wilson com a participação de William S. Burroughs. Esta teatralidade, por assim dizer, marca presença muito cedo na música de Tom Waits, transportando-nos para cenários nocturnos onde confluem todos os “vencidos da vida”, se bem que, aqui e acolá, com pontos luminosos ao fundo dos túneis onde a solidão adormece embriagada. Só mesmo Tom Waits poderia escrever uma canção de Natal aceitável. É o caso desse “Christmas Card From a Hooker in Minneapolis”, num álbum, “Blue Valentine” (1978), todo ele natalício. "Heartattack and Vine" (1980), já agora, vai na mesma linha. Enfim, os Pogues também não se ficaram atrás com “Fairytale of New York”. Ainda há natais suportáveis. Diz que amanhã cumprirá 75. Ah, valente!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

OS AMANTES DA AUTO-ESTRADA DO SUL


 
   Em “Os Amantes da Auto-Estrado do Sul” (não (edições), Setembro de 2024), Susana Araújo (n. 1975) amplia o campo experimental da sua poesia, adoptando uma estrutura de tipo narrativo em que a alternância entre prosa e verso surge acompanhada de um fio condutor ficcional dividido por duas histórias que a dado momento parecem cruzar-se. Repercutindo o trânsito numa auto-estrada, de um lado, temos a história de dois amantes em fuga e, do outro, uma investigação policial sobre o estranho desaparecimento da poeta Ezra Pound: «Ezra Pound, também conhecida entre amigos como Elizabeta ou Beta Pound, vivia há mais de quinze anos no Bairro de São Miguel, em Alvalade, não muito longe do prédio em que nascera» (p. 40).
   Há uma dimensão lúdica na poesia de Susana Araújo que conhecíamos dos livros “Dívida Soberana” (Mariposa Azual, 2012) e “Discurso aos Pacientes Cirúrgicos” (não (edições), 2020), acompanhada de uma atenção ao social que neste livro não se perde de todo, antes adquire novos desenvolvimentos num dispositivo eficaz enquanto questionamento de uma herança modernista que, passado um século sobre a queda dos muros formais e a ruptura total com quaisquer espartilhos prosódicos, actualmente se manifesta na rasura de fronteiras entre géneros. Trata-se de uma obra onde a matriz poética irrompe no campo da ficção policial gerando enigmáticas e misteriosas possibilidades especulativas acerca do sentido e do significado latentes nestes textos divididos em três partes mais um epílogo.
   «Como um policial, um poema derrapa sempre na sua própria pista, e cada pista é um indício para a morte» (p. 13), escreve-se logo no início da viagem. Vários quilómetros percorridos, é a mulher-polícia, de nome Penélope, quem parece desfiar o novelo: «Tentas ler, tentas sentar-te com calma para leres aquilo, mas se fores atrás das palavras, se fores em busca do sentido, não dá. Esquece!» (p. 109) O leitor vê-se, deste modo, no interior de um labirinto que resiste a qualquer esforço exegético, restando-lhe pouco mais do que abrir-se ao divertimento que é perder-se neste tráfego «de equívoco / em equívoco» (p. 113).
   Em “Os Amantes da Auto-Estrada do Sul” ecoam os ensinamentos de uma autora como Anne Carson, exímia na articulação de géneros em obras de índole poética apresentadas como sendo romances em verso ou ensaios ficcionais. A necessidade de lhes atribuirmos uma qualquer categoria identitária, por assim dizer, foi completamente ultrapassada pela natureza híbrida ou anfíbia da literatura contemporânea, herdeira, no caso português, de marcos tais como “Húmus”, de Raul Brandão, ou o “Livro do Desassossego”, de Bernardo Soares. Ora, neste policial poético de Susana Araújo sobressai, precisamente, essa capacidade de transpor «a lei do género» seguindo por «Vias que se dividem entre o amor e a morte» (p. 25).
   O que vislumbrávamos nos livros anteriores da autora e mais nos agradava, nomeadamente uma consciência aguda do seu tempo histórico, não se perdeu por completo, surgindo agora mais disfarçadamente envolvido no discurso de personagens que minam o desígnio de um sujeito poético: «Uns trabalhavam ali e outros era ali que viviam. A electricidade servia todo o bairro através de um contador único com potência industrial, não havia ainda água potável nem esgotos. A poucos metros de distância ficava o Clube de Golfe Aroeira Pines Classic, junto a vários hotéis de luxo» (p. 80). Conserve-se a ironia. E desdobrem-se as vozes.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

O PROBLEMA DA AUTOAFIRMAÇÃO

 
"É nos mostruários da civilização que melhor aprendemos a valorizar a elegância da discrição, tão mais sofisticada e urbana do que a agitação do peralvilho que se exprime de modo enviesado em busca de autoafirmação."
Juraan Vink, nos "Diários de Guerra".

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

TRISTE SINA

 
É uma chatice este desperdício do ímpeto celebrativo que contamina a vetusta nação, levando a que quase invariavelmente se passe ao lado da discussão dos problemas em benefício da distribuição de abraços, apalpadelas, muito amor e amizade desprovidos de autenticidade. Tudo para inglês ver e o pito egóico consolar.
Tope-se, a título de exemplo, como os putativos 500 anos de Camões passaram ao lado da utilização da épica para glorificação de uma história colonialista que ainda hoje assoma à boca de muita gentalha. Ontem, num programa humorístico desgraçadamente sem graça, lá apareceu um a advogar que "a xenofobia salva vidas" porque, presumo, nos faz desconfiar dos terríveis malfeitores que vêm de fora. Infelizmente, não nos protege dos estúpidos que temos cá dentro.
Os 50 do 25A são mais um exemplo de como se consegue passar ao lado do que é relevante, aquela matéria que nos prepara para o futuro e a poucos parece importar. O rissol na cocktail party é mais relevante.
Mais do que a vontade de derrubar um regime bafiento, foi a guerra colonial que motivou a revolução militar. Era essencial perceber porquê, mostrar aos de hoje o que andámos a fazer nas ex-colónias, os crimes de guerra por nós perpetrados, essas coisas de que pouco se fala para não assumirmos o racismo que nos corre nas veias. Enquanto estes problemas não forem clara e abertamente discutidos, sob pretexto de feridas saradas que mais não são do que pensos rápidos em gangrenas, vamos continuar a ter quem defenda a xenofobia como disfibrilhador.
As celebrações, neste país, são sempre areia atirada aos olhos do ceguinho, regada a beijinhos, abraços, condecorações, chantilly nos egos das elites para lambidelas movediças. Triste sina.