De Vasco Pulido Valente li um único livro: O Poder e o Povo - A Revolução de 1910, 6.ª edição, Alêtheia, Setembro de 2010. Excerto: aqui. Outros: aqui. Mas li-lhe imensas crónicas, tendo muitas vezes agarrado num jornal só para o ler. Sobre as leituras de férias de 2013, escrevi isto:
...nada se compara aos agradabilíssimos momentos
proporcionados pelas crónicas de Vasco Pulido Valente. Li todas as que fui
apanhando e mais algumas que levava de reserva, normalmente no Três Arquinhos,
na esplanada ou no interior do café, enquanto os velhos emborcavam bagaço e
filosofavam sobre o mau tempo com uma vivacidade semelhante à de VPV quando
filosofa sobre o país. É provável que o cronista já emitisse opiniões sobre o
apocalipse quando ainda era um espermatozóide nos testículos do progenitor,
única situação em que, de resto, alguma vez soubemos dele partilhando o espaço
da sua misantropia. Feitas as contas, há mais de 70 anos que VPV vaticina o
fim, não vê futuro em nada, olha com espanto incrédulo para o passado que não
viveu, com nojo para o presente que não quer viver e sem esperança para o
futuro que jamais viverá (porque no futuro nem ele nem o próprio futuro
existirão). O país bateu no fundo, há mais de 70 anos que bateu no fundo, sendo
que há mais de 70 anos se previa que viesse a bater no fundo tendo no fundo já
batido. E não fosse a sua forma brocada, no fundo de há 70 anos teria ficado
para sempre. Para mal dos nossos pecados, há sempre um fundo mais
fundo do que o fundo onde o VPV coloca tudo e mais alguma coisa. Só isso
explica, por leis de uma lógica benévola (ou malévola, depende das
perspectivas), que ainda não tenhamos todos já desaparecido (embora VPV não nos
veja) e até façamos férias, piqueniques, manifestações e feiras populares. É um
prazer imenso lê-lo, um prazer incomparável que nenhum smartphone supera.
A imprensa está cada vez mais desinteressante.
1 comentário:
Como de costume - ainda há semanas nas suas últimas palavras - deixou-me a pensar acerca das ainda ténues suspeitas que recaem sobre as ligações de Isabel dos Santos aqui ao pedaço. Como de costume, o menino disse tudo numa frase: "Claro que ela era o casamento perfeito: uma noiva rica sem país, um país velho sem dinheiro." Como de costume, nada há mais a dizer ou escrever sobre o tema. Como de costume, o resto é somente arvoredo. Que esse Cabrão de Deus Nosso Senhor o estime bem...
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