Dizia ontem a uma colega do Porto que tinha agora um bom
pretexto para regressar à invicta, a exposição de Robert Mapplethorpe. Contava
levar a família. A Beatriz fez anteontem 12 anos, a Matilde tem 15. Há 4 anos
fomos todos ver o Pieter Hugo à Gulbenkian. A Beatriz tinha 8, a Matilde 11.
Quando comprava os bilhetes, a senhora de bilheteira preveniu-me para a
violência de algumas imagens. Podiam chocar as miúdas. Descansei dizendo-lhe
que estavam habituadas a ver o telejornal.
Era para ir ao Porto ver a exposição de
Mapplethorpe, estava contente, adoro regressar ao Porto e visitar Serralves. Já
não vou. O mundo está estranho, esquisito, há um puritanismo no ar que me
sufoca, não o entendo, não o compreendo, tinha a esperança de alguma evolução
nesta matéria, mas de ano para ano assisto a cada vez mais exemplos de um
puritanismo serôdio que me fere e desilude e desespera. Estas formas de censura
são um absurdo, como outrora sublinhei com os trípticos da nudez: #1, #2, #3,
#4, #5, #6. Queria regressar a Serralves, mas é a eles que regresso. Infelizmente.
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