Alexandre III recebe a herança e retoma a velha concepção da Rússia-Património, domínio pessoal dos czares. É, ele mesmo o diz, o czar dos mujiks. Em oposições aos czares, que preferiam os estrangeiros para a direcção, que, dum certo modo, justificavam o dizer de tantos considerando a Rússia como um país de colonização, Alexandre III é todo ele interiorizado, na família e na nação, considerada seu património. O testamento de seu Pai não é respeitado mais que nas declarações vagas e formais do primeiro momento. A sua política interna é o célebre procurador do Santo Sínodo, Pobiedonostsef, que a dirige. O imperador é um autocrata, obedecendo à voz de Deus, que vai demitir todos os suspeitos de estrangeirismo, vestir-se, e vestir militares e funcionários, à maneira antiga russa. Os russos que continuaram a progredir no Oriente encontram melindres da parte de Inglaterra, que afinal transige com os novos limites da Rússia na Ásia. A guerra da Bulgária e da Sérvia opõe a Rússia à Áustria e afasta o czar da amizade dos impérios centrais. Bismarck tenta reaquecer a velha amizade, mas a França cobre dois empréstimos russos e vê, em breve, o czar de todas as Rússias ouvir de pé as estrofes da Marselhesa.
Pouco depois morria o czar pacífico e tomava a cruz da Rússia o grande desgraçado que foi Nicolau II. Este imperador é recebido por Pobiedonostsef com o desejo de que a consciência russa expulse para longe as nuvens doutrinárias vindas do estrangeiro. (...)
Leonardo Coimbra, in A Rússia de Hoje e o Homem de Sempre (1935). Pedro, o Grande, Catarina Primeira e Pedro II, Ana, Ivã VI & Isabel, Pedro III e Catarina II, Paulo I, Alexandre I, Nicolau I, Alexandre II.
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